Pixinguinha -- material "O POVO" - 17/02/08


Paixão pela vida inteira
Aos 14 anos, o menino de apelido confuso, Pixinguinha, tornou-se músico profissional. apaixonado por flauta encantou com sua música e ganhou status de santo pela sua ternura e bondade
16/02/2008 16:50 Pixinguinha e o amigo Vínicius de Moraes: parceria vai parar nas telas (Foto: Arquivo de família/IMS)
O menino aos 11 anos aprendeu a tocar flauta e cavaquinho. Os irmãos e o pai eram músicos e costumavam fazer encontros que entrava madrugada adentro. Entardecia e o menino da calças curtas era mandado para cama. Anos depois, considerado o maior flautista de todos os tempos e mestre do chorinho, Pixinguinha confessou: "Não dormia. Ficava prestando atenção e no dia seguinte procurava tirar em minha flauta de lata os chorinhos que tinha escutado até de madrugada". E foi assim que o Alfredo da Rocha Viana Filho apaixonou-se por música. Nessa mesma época compôs sua primeira música, Lata de Leite, um choro de três partes inspirado na astúcia dos boêmios que bebiam as latas de leite deixadas na porta das casas no amanhecer. Não demorou muito para os músicos da capital carioca descobrirem o talento de Pixinguinha. Incorporou-se à orquestra do rancho carnavalesco Filhas da Jardineira e conheceu seus amigos e parceiros de longas datas, Donga e João da Bahiana. Com 14 anos, Pixinguinha tocou no Cine Teatro Rio Branco e começou a trabalhar na Casa Chope Concha, na Lapa. Depois, sempre levado à Lapa pelo irmão ou por algum músico de confiança de seu pai, o jovem Pixinguinha começou a tocar nos mais famosos cabarés do Rio. Costumava brincar: "cantava e depois quando sobrava tempo soltava meu papagaio". Daí para O Cine Teatro Rio Branco, onde entrou na orquestra, com a fama de grande flautista, foi um pulo. O talento ia abrindo-lhe as portas e Pixinguinha dividia o currículo cheio de experiências musicais com as brincadeiras de empinar pipa e jogar bolinha de gude. Em 1917, Pixinguinha gravou seu primeiro disco, Pechinguinha (sic), na Odeon. O apelido ainda causava muito confusão na imprensa. Pixinguinha é uma variação de Pizidim, apelido de origem africana dado pela avó, quer dizer menino bom. Ainda criança contraiu bexiga e a molecada passou a chamá-lo de Bexiguento, entre uma troca de nome e outra, ficou Pixinguinha, ou Pixinga para os íntimos. E como Pixinguinha tinha amigos. Entre as muitas linhas escritas sobre o músico e sua contribuição à música popular brasileira estão os relatos de gente que conviveu com ele. Sérgio Cabral, autor da biografia Pixinguinha, vida e obra, numa conversa com telefone diz: "Era uma pessoa muito terna, amorosa, sem nenhum espalhafato, muito discreto até. Tratava muito bem as pessoas, era uma doce figura, era realmente uma pessoa que inspirava bondade, por isso que a gente diz que ele é santo. Tratava todo mundo sem diferença, ele amava as pessoas, ele inclusive me chamava de 'meu netinho'. Hoje eu sou um homem de 70 anos e ele tinha muito menos que isso. Ele tinha aquela coisa de avô, aquela doçura de avô".

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